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A primeira queda: Falência da Franquia

No post anterior escrevi sobre o início da Franquia que adquiri no ano de 2013. Hoje irei descrever como aquele sonho se tornou em um pesadelo em poucos meses.

Havia acabado de adquirir aquela franquia e, naturalmente, a franqueadora se comprometeu a me fornecer um treinamento presencial, o material de marketing inicial e os primeiros 10 produtos para que eu pudesse iniciar as operações.

No primeiro contato fui informado que o treinamento havia sido alterado e não seria mais presencial. Pensei comigo: “tudo bem, se mudaram foi para melhor”. Como diriam por ai, sabe de nada inocente!

O que recebi foi uma conversa via Skype de cerca de 2 horas (sim, você leu corretamente) com o consultor responsável pela minha região. Ele me deu algumas vagas informações sobre a franquia eu eu acabará de adquirir e no final do “treinamento” me enviou um login para eu acessar um fórum exclusivo para franqueados e baixar os materiais disponíveis lá. O material parecia bem completo e iniciei os estudos imediatamente, afinal eu precisava conhecer profundamente o produto que venderia.

E quanto ao material de marketing e os produtos? Chegaram para mim apenas 14 dias após eu realizar o primeiro pagamento… ou seja, metade do primeiro mês já havia passado e eu não havia feito nenhuma venda nem preparado ações de marketing… aqui vai outro erro que cometi: não confunda paciência com passividade. Neste momento eu já deveria ter “quebrado tudo” porque a franqueadora não estava cumprindo com o acordado em contrato. Porém eu apenas esperei, pacientemente…

Bom, o material enfim chegou e iniciei as operações da minha franquia. Visitei diversos possíveis clientes e recebi tantos não que mal pude contar. Um vendedor nato saberia que aqueles nãos eram a ponte para o Sim, mas eu não estava preparado para isso. O fim dos 30 dias estava chegando e eu não havia realizado uma única venda sequer… como pagar a primeira prestação de 2 mil reais? Outro empréstimo… afinal eu acreditava no negócio! O segundo mês seria melhor, eu tinha certeza. E lá vai outro erro: Se não tem planos e metas definidas você nunca poderá identificar os erros no percurso e provavelmente continuará cometendo eles.

Consegui outro empréstimo e paguei a parcela. Já era hora de correr atrás do prejuízo, eu precisava vender! Comecei a pensar em várias formas de fazer com que as primeiras vendas acontecessem. Fiz “parcerias” boca-a-boca com várias empresas em 3 cidades da região que ganhariam uma boa comissão por vender meu produto. Fiz anúncios em Jornais locais e no Facebook. E no meio disso gastei absurdos (no cartão de crédito) abastecendo o carro enquanto batia de porta em porta atrás das primeiras vendas. Porém nada disso deu retorno, no máximo consegui alguns clientes interessados “pro mês que vem”. E fechei o segundo mês com 1 venda. Sim, uma única venda que não cobria nem o aluguel do escritório.

Foi aí que recorri (no desespero) ao consultor da franqueadora. Eu precisava de ajuda, não tinha como fazer os pagamentos para eles pois minha franquia não vendia nada. Com isto ele me prometeu que viajaria até minha cidade para conhecer meus clientes e me auxiliar a fechar as primeiras vendas e aliviar o caixa do negócio. Esperei pacientemente (outra vez) a tal visita que nunca aconteceu. Sempre existia alguma desculpa para a data marcada…

Era o meio do terceiro mês das operações da franquia e eu já estava completamente desanimado. Sem rumo, sem chão. Inevitavelmente minha relação com minha noiva (na época namorada) começou a sofrer os efeitos daquela crise financeira que causei através desta franquia. Passamos a ter diversos desentendimentos que culminaram em uma grande discussão no final daquele mês. Aquele dia nunca sairá da minha mente. Não podia acreditar que estava prestes a perder a mulher que amo por culpa de um empreendimento mal sucedido idealizado por mim. E ela estava coberta de razão, como iríamos pagar as dívidas que contraímos? Ainda bem que nosso amor falou mais alto e superamos aquela crise juntos. Eu te amo Carla Tódero!

A paciência tinha acabado, algo precisava mudar. Foi somente ai, no meio da crise, que comecei a pressionar todos os responsáveis da Franquia que pude encontrar. Eles conheciam minha situação e precisavam me ajudar, afinal uma das leis que regem as franquias diz que a Franqueadora tem o dever de dar todo suporte aos franqueados e eles sabiam que falharam totalmente comigo. Foi aí que recebi uma ligação do gerente de franquias na manhã seguinte: “Darlan, vejo que está insatisfeito com sua franquia. Que acha de devolvermos o valor que nos pagou e cancelarmos o contrato?” Bingo! Tiraram o deles da reta oferecendo um “pão” para alguém que estava desesperado. Ele sabia que eu precisava de dinheiro e é claro que aceitei aquilo imediatamente.

Assinei o cancelamento do contrato e recebi o que já havia pago para eles e pude quitar minhas dívidas atrasadas. Porém e os empréstimos que contraí? E o cartão de crédito que abasteceu tantas vezes o carro? O aluguel do escritório?

Dias depois resolvemos procurar um advogado atrás de nossos direitos. Afinal a franqueadora falhou demais conosco e a divida contraída era enorme. Mas em poucos minutos de conversa com o advogado descobri que provavelmente eu apenas perderia tempo e dinheiro tentando algo contra eles. Eu não havia guardado nenhum comprovante dos gastos que tive neste período. Não tinha como provar que contraí aquelas dívidas por causa da franquia. E o pior de tudo é que assinei o contrato de cancelamento que, lógico, continha proteções para a Franqueadora. Nunca assine contratos no desespero, sempre procure ajuda jurídica antes! Infelizmente descobri isto tarde demais.

O resultado do meu primeiro empreendimento? Em 3 meses contraí uma dívida de 4 anos com valor superior a R$ 10 mil. Estava desempregado e sem nenhum tostão no bolso.

Porém um empreendedor não se rende diante da queda. Era hora de recolher os cacos, assimilar o aprendizado e partir para a próxima! Contarei mais sobre isto no próximo post desta série 🙂

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